Fábio Medina Osório, para o Correio Braziliense: “O Brasil que emerge das urnas”

O BRASIL QUE EMERGE DAS URNAS

Por Fábio Medina Osório

Advogado, Ex Ministro da Advocacia Geral da União

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A vitória de Jair Bolsonaro no primeiro turno, embora não definitiva, e de novidades no cenário eleitoral, como o ex juiz federal Wilson Witzel no Rio de Janeiro, demonstram o anseio de mudanças da sociedade brasileira.

As eleições de 2018 geram dúvidas sobre a metodologia dos institutos de pesquisas. Já em 2014 houve falhas. Porém, neste ano os erros foram maiores. Não há desculpas.  As estatísticas deveriam ser aperfeiçoadas.  Os erros superaram as margens toleráveis. Necessário repensar um sistema de controles mais consistentes e com maior transparência. Os telefonemas são gravados? As entrevistas são todas filmadas?

Um balanço geral revela novo cenário no Brasil. E me parece que esse contexto é positivo, pois traduz sentimentos de mudança da sociedade em sintonia com agenda internacional de liberalismo econômico, combate à criminalidade violenta e repúdio à corrupção.

As eleições demonstraram a solidez da democracia brasileira, contrariando o discurso daqueles que tentaram manchar a imagem do Brasil no exterior, chamando nosso país de golpista. Processos de impeachment são normais e até comuns em qualquer democracia contemporânea, pois refletem a concretização do princípio republicano. Após passarmos por um impeachment da ex presidente Dilma Roussef, chegamos às eleições em absoluta normalidade institucional.

Faz parte de um processo eleitoral a troca de acusações entre os candidatos. Críticas recíprocas sempre acontecem. Resta avaliar o saldo desse jogo.

Uma das suspeitas lançadas contra Bolsonaro foi a pecha de ditador ou inimigo da democracia. Esse ataque não vingou, pois sua candidatura fluiu dentro do sistema eleitoral e no curso das regras do jogo democrático.

Pinçaram falas isoladas do candidato, autênticas “bravatas”, proferidas fora de contexto, para tentar desconstruir sua imagem.  Fosse ele racista, ou realmente um “criminoso” de ˆgenero”, já teria sido condenado em algum processo por discriminação ou preconceito na seara criminal.

Chegou-se a suscitar, de modo equivocado, a impossibilidade de membros das Forças Armadas exercerem funções civis ou se candidatarem a cargos públicos. Quem sustenta semelhante tese desconhece a Constituição de 1988. Aliás, as Forças Armadas tem quadros extremamente qualificados para contribuir nas mais diversas áreas civis do governo.

Diga-se que a magistratura e o Ministério Público brasileiros também tem pessoas que podem contribuir para o crescimento do Brasil. E igualmente empresários, e outros funcionários das mais diversas carreiras devem participar da vida pública. Quer dizer, estamos vivendo novos tempos. Quem sabe os cidadãos não começam a participar mais ativamente da vida política nacional?

O discurso de Bolsonaro abraçou as agendas corretas de combate à corrupção e de liberalismo econômico, além de fortalecimento da segurança pública. Sua linguagem, assim como de seus aliados, percorreu as mídias sociais. Talvez seu maior ativo tenha sido a autenticidade no contato com o eleitor. A espontaneidade nas relações sociais, nesses novos meios de comunicação, substitui linguagens arcaicas de propaganda eleitoral.

Nesse mesmo contexto, observou-se um esgotamento do modelo de governo daqueles alvejados pela operação Lava Jato. Não se pode subestimar os efeitos dessa operação anticorrupção – uma das maiores do mundo – na arena eleitoral. A sociedade brasileira percebeu o quanto a corrupção afeta políticas públicas essenciais à saúde, à educação, à segurança pública, à indústria do turismo, à erradicação da pobreza.

Um dos elementos que mais deteriora as democracias contemporâneas é a corrupção e a má gestão pública. Bolsonaro e novos políticos como Wilson Witzel trazem esperança à população brasileira e chegam com enormes desafios pela frente no segundo turno, quando enfrentarão forças poderosas agrupadas em alianças.

O segundo turno das eleições presidenciais impõe uma nova lógica política, mas a maioria da sociedade brasileira já manifestou seu pensamento quanto à agenda anticorrupção. Políticos como Álvaro Dias, Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles, João Amoêdo, Marina Silva, que se preocupam com o combate à corrupção, certamente precisarão adotar um posicionamento claro perante seus eleitores. Será preocupante a ambiguidade nesta quadra histórica. E essa pauta favorece mudanças.

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