Brasil reforça protagonismo no cenário internacional

Em um espaço de pouco mais de duas semanas, uma série de eventos colocaram o Brasil na posição de protagonista nas discussões do Direito em âmbito internacional. No início de maio, Ouro Preto sediou encontro da subcomissão da América Latina para a Comissão de Veneza, um grupo de juízes brasileiros foi à China trocar experiências. Cada vez mais, ministros representam o país em conferências internacionais e instituições do país recebem professores estrangeiros. Certamente os eventos recentes não são fatos isolados e, da mesma forma, dão uma dimensão do destaque que o país assume na dinâmica Direito internacional. E a tendência é aumentar.

Acostumado a conduzir profissionais em eventos no exterior, desembargador aposentado do Tribunal Regional Federal da 4ª Região e professor Vladimir Passos de Freitas afirma que este cenário tem relação com o Brasil no grupo de países emergentes e a ascensão dos Brics, que reúne ainda a China, Rússia e Índia. “Tem havido um interesse crescente dos outros países sobre a ordem legal brasileira e seu sistema de Justiça”, diz Vladimir, que é doutor em Direito Ambiental. 

Ele ressalta que as áreas econômica e ambiental são os principais motivos que chamam a atenção de outros países para conhecerem melhor o sistema jurídico do Brasil. Empresas multinacionais avaliam se é interessante investir no país e, em tempos de responsabilidade ambiental, estão mais atentas à essa questão. “Neste campo do conhecimento jurídico o Brasil desperta interesse, mais do que tudo, por possuir a maior parte da Amazônia. Mas também é respeitado por ter centenas de decisões judiciais de grande relevância na proteção ambiental”.

Para o professor, esse novo cenário coloca em questão dois aspectos. Primeiro, que o crescimento econômico vai provocar inevitáveis conflitos jurídicos, abrindo campo para novos advogados. Segundo, que será cada vez mais importante esse relacionamento com a área do Direito de outros países.

Na Europa
Na última segunda-feira (12/5), o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, participou do XVI Congresso da Conferência dos Tribunais Constitucionais Europeus, em Viena (Áustria). O evento termina nesta quarta e é organizado pela Corte Constitucional da Áustria — o convite foi feito diretamente pelo seu presidente, Gerhart Holzinger. 

O evento reúne presidentes das cortes constitucionais do continente e sua proposta é promover intercâmbio de discussões, ideias e experiências sobre o tema. Além disso, o objetivo é se abrir para outros tribunais e instituições da Europa e de outros continentes como observadores. 

Na terça (13/5), o ministro seguiu para Portugal, onde participou do Congresso de Honra a Peter Häberle, em comemoração a seus 80 anos, na Faculdade de Direito de Lisboa, que discutiu o constitucionalismo no século XXI em sua dimensão estadual, supranacional e global. O mais festejado constitucionalista alemão também costuma vir ao Brasil dar aulas e seminários no Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) e orienta brasileiros em suas teses de mestrado e doutorado.

O intercâmbio virou rotina. No mesmo dia em que Gilmar Mendes e Ingo Sarlet, juiz e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, participaram de discussões sobre “A dimensão supranacional do constitucionalismo”, o titular de direito Constitucional da Universidade de Lisboa Blanco Moraes dava aula na USP. Ainda em Lisboa, Mendes e Sarlet ainda darão conferência, nesta quarta (14/5) para alunos de mestrado, com uma maioria de pós-graduandos brasileiros — o tema: “Eficácia dos Direitos Fundamentais nas Relações Privadas: Uma Via Brasileira?”.

Gilmar Mendes, que talvez seja hoje o jurista brasileiro mais ativo no cenário internacional, lançou por sua escola, o IDP uma coleção de livros de direito comparado em parceira com a editora Saraiva. Já foram lançados 15 obras com autores importantes. Os livros oriundos da Alemanha foram traduzidos por professores portugueses que estudaram no país e costumam dar aulas no Brasil. 

Na China
Entre os dias 5 e 8 de maio, o professor Vladimir Passos de Freitas organizou um evento para juízes na China. Apesar da barreira do idioma, ele comemora o saldo positivo. Para ele, a aula de a aula de Constitucional e a de Ambiental foram as melhores, mas reconhece que os temas que envolvem Direito Econômico tiveram maior destaque.

Por outro lado, o grupo de 22 juízes que o acompanhou também pôde conhecer de perto o funcionamento da Justiça no país de características peculiares como a cultura milenar, o regime comunista e abertura à economia de mercado. “Muito embora o Judiciário seja um órgão do Estado e não um Poder do Estado, viu-se que a estrutura física é adequada e dotada de todos os requisitos da modernidade.”

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on telegram

Mais Posts

Traduzir

Para completar sua inscrição na minha lista de e-mail preencha os dados abaixo

Esse site utiliza cookies para personalizar anúncios e melhorar sua experiência no site. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.